A Justiça mineira condenou Kawara Welch Ramos de Medeiros a uma pena de 10 anos, 7 meses e 2 dias de reclusão em regime fechado. A sentença foi proferida na última sexta-feira, 23 de maio, pela Vara Criminal da Comarca de Ituiutaba, após a ré ser considerada culpada pelos crimes de perseguição, roubo e desobediência. O processo, que corre sob segredo de justiça, envolve como vítima um médico da cidade, sua esposa e o filho do casal, de 11 anos.
As perseguições tiveram início em 2020 e se estenderam por cerca de três anos. De acordo com os autos, a ré utilizava uma série de métodos para importunar o médico e sua família, incluindo o envio de milhares de mensagens e ligações, uso de perfis falsos em redes sociais, produção de montagens com conteúdo difamatório e até tentativas de contato direto com o filho menor do casal. Em um dos relatos, a vítima afirmou ter recebido cerca de 1.300 ligações em apenas um dia e precisou bloquear mais de 1.500 números diferentes.
O caso ganhou contornos ainda mais graves em janeiro de 2023, quando Kawara, acompanhada de sua avó, abordou a esposa do médico e tomou à força o celular, um par de chinelos e a chave do veículo da vítima. Os objetos foram entregues à avó, que também foi processada e condenada a 6 anos e 8 meses de prisão em regime semiaberto.
Durante o julgamento, a defesa tentou justificar os atos de Kawara como resultado de um relacionamento anterior entre ela e o médico. No entanto, a argumentação não foi acolhida pela Justiça. O juiz responsável pelo caso destacou que, ainda que houvesse uma ligação afetiva no ado, a conduta reiterada entre 2020 e 2023 ultraou todos os limites legais e configurou crime de perseguição.
Também foi rejeitado o pedido de inimputabilidade por suposta insanidade mental. Para o magistrado, a ré demonstrava plena consciência de seus atos e capacidade de discernimento, conforme apontado nos laudos anexados ao processo.
Além da pena privativa de liberdade, Kawara e a co-ré foram condenadas ao pagamento de R$ 33.500,00 a título de indenização por danos morais e materiais. Conforme consta na decisão, as ações da ré causaram profundo abalo psicológico nas vítimas, levando à perda do emprego, uso de medicamentos controlados e estado permanente de medo.
A defesa já apresentou recurso da decisão, que será analisado pelo Tribunal. Os assistentes de acusação optaram por não se manifestar nesta fase processual que ocorre sob sigilo.