Depois de acumular um prejuízo de R$ 2,59 bilhões em 2024, valor quatro vezes maior do que o déficit registrado no ano anterior, os Correios divulgaram nesta semana um plano de reestruturação para conter despesas. A meta é reduzir os gastos em R$ 1,5 bilhão ao longo de 2025.
Entre as ações anunciadas, estão a volta obrigatória de todos os funcionários ao regime presencial a partir de 23 de junho, a suspensão temporária de férias, e a criação de um novo Programa de Desligamento Voluntário (PDV). A empresa também oferecerá incentivo à redução de jornada com diminuição proporcional nos salários, além de reformular seu plano de saúde e revisar a estrutura da sede, onde se espera um corte de ao menos 20% no orçamento destinado às funções istrativas.
Apesar da queda de apenas 1,7% na receita líquida anual (que ou de R$ 19,2 bilhões para R$ 18,9 bilhões), os prejuízos se acentuaram, o que os Correios atribuem, em parte, à mudança na legislação que ou a tributar importações de pequeno valor.
Segundo nota da empresa, “a frustração de receita observada em 2024 decorre exclusivamente dos efeitos do novo marco regulatório das compras internacionais, uma demanda do varejo nacional que teve impacto positivo para o setor, mas negativo para os Correios”.
A regulamentação, apelidada de “taxa das blusinhas”, foi aprovada pelo Congresso no ano ado e derrubou a isenção de impostos para compras de até US$ 50. Agora, produtos com valor entre US$ 50 e US$ 3 mil são tributados com alíquota de 60%, com um desconto fixo de US$ 20 no valor final do imposto.
Outro fator que pressionou os cofres da estatal foi o aumento expressivo de despesas judiciais, especialmente relacionadas a ações trabalhistas com decisões desfavoráveis. Também houve crescimento nas despesas operacionais e financeiras, estas últimas influenciadas por uma reavaliação dos juros incidentes sobre o plano de equalização do déficit.
No mesmo ano em que os prejuízos se aprofundaram, a remuneração da alta istração da empresa subiu 4,8%, alcançando R$ 6,27 milhões.
Como parte das estratégias para equilibrar as contas, os Correios informaram ainda que fecharam um acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), o qual pode gerar um crédito tributário de até R$ 638 milhões. A estatal também prevê benefícios com a implementação da reforma tributária, que, segundo o informe, isentará a empresa da cobrança de PIS e Cofins, além do novo imposto CBS.